quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Conto de amor entre uma Tao de Terra e o Sohm do Universohm


Ah, eu ouvi o chamado da açucena em campo aberto
Onde voa o grito;
Eu vi a fonte secar,
fui testemunho do horizonte diante do sol que nascia
 naquela época de raras pedras preciosas

naquela época de falsos brilhantes
e os pés de nem-tudo-que-reluz-é-ouro floriam
à sombra do comigo-ninguém-pode

ela disse “vem, vem pra encosta comigo,
só quem corre o perigo não corre de medo”

amanhã os cajueiros serão flor
e as nuvens acumuladas
contarão o fim da história e haverá chuva para todos

...”era uma vez, no fim da estrada, havia
uma porta só de entrada para o Templo do Tempo-Sem-Volta

Lá, quem adentra pode contemplar
(a saudade do futuro)
E provar momentos passados gota-a-gota

Quem medita na câmara de Jade do Templo-fora-do-tempo
Adentra um labirinto, um
Caminho aberto em-plena-rocha
que é o mapa esculpido em tamanho real
pelas escolhas feitas no caminho que tomou
na vida até agora.

O agora é árvore crescida, enraizada nas entranhas cavernosas
da noite de inocência dos atos sem-querer-querendo

Alguém nasce ninguém, e cresce erva,
e luta com espinhos e se torna veneno
e enfim, flor. Nutre-se de sol até secar

Depois é após, é queda das folhas (Outono íntimo)
É o que será de nós quando não houver mais nós;
E não seremos mais... nem menos, nem tampouco muito...

Como seriam os encontros
Quando não houvesse mais eu, você;
Quando fôssemos apenas nós – encontro de águas, foz?
Sem forma, inconformados, sem tamanho nem dimensão,
e ao mesmo tempo abrangendo da atmosfera o espaço,
Luz  que navega em microscópico mar...

Imensidão tamanha seremos, o pensamento do infinito,
A voz do eixo,
De todos os centros,
o centro,
O som primeiro
A constelação-mãe
O constante e sempiterno timbre
do carro-de-bois calmamente subindo a Serra cósmica da sempreviva-terra-sideral

Céu olhou nos olhos de Terra
e se enamoraram...
sempre que Céu  beija Terra, chove

Nenhum, não é outro senão aquele mesmo que só ele é
e que ele não seria se fosse algum outro

Todos, são inteirezas, jardins regados ao orvalho d’ouro transmutado,
Onde cada folha é uma terra desconhecida,
e cada ruflar de asas da mariposa noite a dentro
é sussurro lançando segredos ao vento

Lá, o arquirrefúgio onde se fundem o Barro e o Mercúrio.
Aqui, o mergulho-nas-areias-do-tempo.

Onde nos movemos inacabados, esboços de motivos sem razão,
Somos o por-que-não da resposta astuta
e, às vezes, espaços abertos na história
esperando com esperança alguém para chamarmos de Destino.

O Talvez é música onde a imaginação convida e o pensamento dança
Onde brotam mitos
e os velhos heróis morrem.

Filho da Fonte, Fruto dos Fatos,
Fenômeno acontecido do auto da vida,
O pensamento é paisagem verdejante
e tenebroso pântano;
Lá viceja a flora dos sãos, mas também
Lá, as bestas devoram com promessas e dentes de ilusão

Filho da Fonte,
Na hora mais escura da noite
Abre espaço, abre um caminho avante
Vai com o Vento- Leste
Anuncia aos quatro cantos do mundo
O milagre do Solnascente

E quando o céu descobrir a terra,
desperta em pele-nova, em plena Novaera na sua Casa-na-Copa-da-Árvore-da-Vida


Tiago Abreu.