sexta-feira, 19 de abril de 2013

Chão


Na terra vermelha
a oração do louva-deus
comove as gotas do orvalho

os mitos do mato:
silêncio e realeza
em toda certeza fica sempre uma pergunta em aberto

no cerne do sonho
a carne da tribo

a onda se levanta
e tomba na praia

o lírio branco deita-se na relva
aprecia o inestimável instante raro:
o tempo não passou: foi só a flor, em botão, que se abriu

E o Serafim nas matas canta aleluias
e nas lendas do formigueiro brotam asas
e carregam os sonhos da terra mundo adentro


T. Abreu

Terra



Onde o futuro mora?
Onde estará ele agora?

Serras, nascentes das minas
Água, ventre, fontes

Derramam seus ramos raros
Tesouro é ver o sol
Em sua dourada aquarela

Cá estamos nós, de pé no chão
Frutos da vida silenciosa,
A vida, mãe e ceifeira,
espalha nossas vozes...
nós, as crianças da estação...

Nós, aves migrantes,
Terras desconhecidas:
O ermo que somos

Abri mão da esmeralda;
guardo o elo
o esmero e a amada.
Eu vi o futuro:
ele é uma mão aberta
misturando os tempos

o antes e o durante
(o suor do diamante)
Levados ao fogo-vivo:
Etéreo pretérito redivivo a recém-nascer de novo no tempo vindouro.

O que está
                                               porvir
                                               é o que

é

o que




Vir-A-ser




T.E.A