Um poeta contemporâneo foi condenado
por dizer coisas indizíveis
e revelar segredos da alcova
sobre o casamento do Céu e a Terra
Seus crimes:
o maior de seus pecados foi
falar de amor, crime inafiançável
Sua pena:
o poeta foi condenado a ser livre,
e a prestar serviços à comunidade,
de livre e espontânea vontade:
Pela ordem da justiça interna de sua consciência
teve de confessar à força em praça pública
sua ousadia de ser sincero consigo mesmo
Porque nesses tempos de redes e enredos
Ele fundou sua Religião da Luz e adorou o Sol
- mãe de toda manifestação verossímil - visível e invisível
Ele, discípulo dos rios selvagens,
Retratou-se perante os universos:
Cantou em voz alta e clara, para todo mundo ouvir
diante de todos, em alto e bom som,
de muito bom gosto uma canção de amor,
como há tempos não se ouvia nas Américas.
Tiago Abreu
e livre